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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A importância da interpretação profética - parte 2



No texto anterior refletimos sobre o papel da profecia apocalíptica no grande conflito. Identificar o chifre (os agentes humanos usados por Satanás) é uma questão de identidade e salvação. Na visão de Daniel esse inimigo divino atacaria os tempos, as leis e a verdade. Ou seja, ele mudaria o conceito de realidade a fim de enganar o mundo. Como Roma foi usada por Satanás para ”modificar” a realidade?

Por meio de Roma (pagã e papal), Satanás populariza o dualismo ontológico grego-platônico que reinterpreta a realidade descrita na Bíblia. Ele joga a verdade e o santuário por terra. Tendo como premissa que mudança é ruim e que Deus existe, os Platônicos formularam sua descrição da realidade. De acordo com essa interpretação da realidade (cosmovisão) existem duas esferas de existência, uma divina e a outra humana, não conectadas objetivamente. O mundo divino é atemporal (sem mudança ou movimento). Em contrapartida, o mundo terrestre é temporal, ou seja, que muda, tornando-o aparente e irreal em si, visto que ele é uma reflexão do mundo divino.

Essa divisão do temporal com o atemporal afeta todos os aspectos da realidade formada por espaço e tempo. Misturando os conceitos Platônicos com a descrição ontológica da Bíblia, os pais da Igreja (cristãos do século I-V) formularam uma cosmologia bem distinta, reinterpretando as categorias bíblicas à luz de uma cosmologia pagã (satânica). O cristianismo resultante, que formou o que conhecemos como Ocidente, é um paganismo com nomenclatura cristã.

Note, nesse esquema dualista Deus não pode criar pois criação requer movimento e mudança, o que é ruim, pecaminoso. Tomás de Aquino, patrono da teologia Católica, ao tentar resolver esse problema explica que em Deus todos existimos. À luz de Platão a cosmologia Católica (Aquina) afirma que os seres humanos são almas eternas “geradas” desde a eternidade em Deus e colocadas em Adão. Aqui o chifre satânico ataca a verdade divina na raíz. Agora o homem é imortal como Deus, e é parte de Deus. Isso redefine pecado, salvação e santuário.

Ao aceitar a ideia de que Deus não se relaciona com o tempo e espaço em mudança, toda Escritura é reinterpretada. Vejamos o que considero as principais. Visto que principalmente no Antigo Testamento Deus cria, age, toca, e sente, a teologia Católica alegoriza tais conceitos. O Antigo Testamento, ou o livro Israelita, é rejeitado como revelação divina da realidade. Suas leis, histórias e conceitos não podem ser lidos de forma concreta pois são descritos numa linguagem demasiadamente carnal.

Essa ideia de que Deus não se relaciona com o tempo é a semente para a rejeição do Sábado, da criação literal em 7 dias, da doutrina da expiação do Santuário celestial, das profecias de tempo sobre o Messias, da mortalidade condicional da alma, da pureza sexual e da correta adoração a Deus (sobre esses detalhes na história refletiremos no próximo texto). Os profetas Daniel e João, em suas visões acerca do chifre satânico, uniram todos esses elementos no grande conflito apresentado a eles.

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